7.5.11

Revista da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro


De Aperibé a Varre-sai, dentro de uma mala

Espetáculo itinerante, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura, visita todos os municípios do Rio de Janeiro, no estilo obra em progresso. A peça acontece dentro de um baú.


O ator carioca Alan Castelo, de 31 anos, quer comprar um Fusca. Suas exigências quanto ao modelo são poucas. Afinal, ele tem pouca experiência ao volante: sua carteira de motorista foi conquistada há poucos dias. Tudo em prol da arte. O veículo vai levar Alan numa jornada de três meses pelos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Em cada um deles, o artista vai fazer um espetáculo diferente. Mas todos eles vão acontecer dentro de uma mala.

Alan é o idealizador, diretor, produtor e ator do Theatro de um homem só em estado de cultura, projeto que fez sua primeira apresentação no Teatro Noel Rosa, na Uerj, em abril. Mais do que uma série de espetáculos, trata-se de uma obra em progresso. Uma ação que une teatro itinerante, pesquisa e relato de viagem, com um objetivo primordial: elaborar um retrato da cultura do estado. 

De meados de maio até setembro, o ator vai fazer uma única apresentação em cada cidade. Sua mala, aberta em teatros ou em espaços improvisados – escolas e auditórios, por exemplo, no caso dos municípios que não possuem casas do gênero – vai servir de palco. De dentro dela, Alan vai sacar marionetes, bonecos, mapas, fotografias, um bandolim, apetrechos diversos e itens de sobrevivência básica. Diante do público vai, por exemplo, cozinhar. Ou fazer sua assepsia pessoal. Tudo para contar a história de um artista andarilho imbuído de uma jornada pelas cidades fluminenses. Como a cada noite contabiliza uma cidade nova em seu relato de viagem, essa narrativa é sempre diferente. 


Câmera em punho

Enquanto conta um pouco sobre as cidades que já visitou, Alan filma, ele próprio, a sua performance, e a transmite, ao vivo, num telão, para o público presente. “É uma forma de dar dimensões diferentes a certos detalhes”, justifica. Nas horas anteriores ao espetáculo – a ideia é passar só um dia em cada lugar -, ele vai entrevistar moradores, fazer registros visuais e coletar histórias. 

Assim, não é só a peça que interfere na rotina da cidade: a cultura de cada município também passa a interferir na concepção do espetáculo. É isso que explica o ator: “Quero descobrir a identidade do cidadão fluminense. Este não é mais um espetáculo que sai da capital rumo ao interior, e sim um projeto que busca a descentralização. Nós, da capital, costumamos olhar de forma muito segregadora para o interior. Esse trabalho pretende reverberar o que acontece no estado de uma forma em geral, sem privilegiar área alguma”.

Por isso, tudo o que Alan descobrir sobre o município em questão vai ajudá-lo a costurar as apresentações, com a ajuda do público, convidado a participar de forma direta. Um dos números – que pode ou não compor o espetáculo -, por exemplo, consiste em anunciar qual a próxima cidade que o artista irá visitar, e perguntar se algum dos espectadores quer mandar recados para alguém.

Diariamente, o ator vai registrar sua experiência na rede: Facebook, Twitter, You Tube e afins. Assim, além de manter, em diferentes meios, um diário de bordo virtual, vai abrir possibilidades para que o público continue acompanhando e participando de sua empreitada.


Aulas de astronomia

Em mais de 15 anos de carreira, Alan foi coordenador artístico do Teatro Glória e assistente de direção na companhia de Antonio Abujamra. Dirigiu uma montagem elogiada sobre a vida de Patativa do Assaré, e conquistou prêmios no finado Circuito Carioca de Esquetes. 

Preparar-se para um voo tão solitário não foi fácil. A famosa mala que serve de base para as apresentações foi projetada pelo próprio ator. Para conseguir subsídios que amparassem suas histórias sobre o estado, ele fez aulas de astronomia e de vela oceânica. Dessa forma, pôde entender melhor os fluxos marítimos e celestes que pautam a geografia do estado. “Também aprendi a tocar bandolim, porque este foi o instrumento básico do chorinho, primeira música urbana do Rio de Janeiro”, conta.

Quando encerrar a jornada, Alan vai preparar um espetáculo final, com o resumo da experiência. Ele pretende encená-lo em oito espaços diferentes da capital, mantendo a ideia de itinerância e completando 100 apresentações. E sonha em expandir o projeto: “Quem sabe torná-lo nacional?”, arrisca.

Colaboração de Juliana Krapp




No dia 23 de abril, data consagrada a São Jorge - santo guerreiro de Capadócia, cortei meus cabelos no intuito de estabelecer um novo início.

Agora, meus cabelos são uma espécie de medida do tempo. 
Crescem conforme a progressão do projeto.

Salve, Jorge!

_sessão UM | Rio de Janeiro_


por André Scucato
(querido amigo)






1.5.11


sessão UM   |   Rio de Janeiro   |   25 de abril, 2011


Eu sempre pensei na possibilidade de fotografar a platéia a cada sessão do espetáculo. Queria, porém, criar algum código que pudesse distinguir a audiência do projeto das demais platéias de outros eventos. 

Compartilhei este intuito com os presentes na sessão UM, a de lançamento do THEATRO DE UM HOMEM SÓ em estado de cultura RIO DE JANEIRO 2011, no aconchegante Teatro Noel Rosa, na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Daí foi sugerido o gesto de "número 1", por conta do THEATRO DE "UM" HOMEM SÓ. Ideia do meu querido amigo José Roberto Mesquita, de terno e gravata vermelha.

Portanto, assim será: 100 sessões, 100 fotos de platéias, unidas por um único gesto.