8.8.11

8.8.2011 - duas vezes o infinito de pé de dois mil e onze

Linda cidade. Como tantas que tenho conhecido pelo estado do Rio de Janeiro. Foram 18 cidades, até agora, 8 de agosto. Além da capital, apresentei uma sessão teatral para os cidadãos de cada cidade - nativos, estrangeiros e passantes; de todas as idades; com entrada franca; contando sobre o que tenho visto na minha jornada que só tem fim após as 100 sessões teatrais terem sido realizadas nos 92 municípios do estado, sendo 8 sessões programadas para a capital fluminense. Em cada cidade vou em busca de uma síntese. Aquele ponto que justificará a minha pesquisa sobre aquela cidade, em um período mínimo de 24 horas. Trago comigo alguns dogmas estéticos, mas confesso que cada município me exige o novo, tanto no aprender, quanto no falar. E é ao andar, ver, respirar, beber, comer, silenciar e falar, que percebo infinitas possibilidades de vida. Incontáveis histórias dos lugares, das pessoas, dos objetos - da cultura. Cada cidade é um mundo. E o THEATRO DE UM HOMEM SÓ percorre mundos. ˜˜˜˜˜˜ Ir em busca do público é abrir caminhos entre si e o outro, para que se vejam. Sou grato a cada um que encontrei até este momento, seja nas apresentações nos teatros, cinemas, centros culturais, auditórios de escolas, - e naquela quadra esportiva, que, segundo um espectador, era o local onde os circos mambembes se apresentavam no passado; ou mesmo nos locais em que estive para dormir, comer, pesquisar, fotografar, e, principalmente, aqueles que me concederam entrevistas. Destaco também o empenho de cada secretaria municipal responsável pela cultura, e, em alguns casos, secretarias municipais de educação, para que o projeto tivesse um bom diálogo com os cidadãos de seus municípios. Eu já não faço idéia de um possível número médio para calcular a quantidade de pessoas que conheci, vi pela primeira vez, durante minha jornada até aqui. Muitas pessoas. A maior riqueza deste estado é sua gente; são as pessoas. ____________ Já havia passado de ônibus pelas cidades do noroeste e do norte fluminense, em direção a Minas Gerais, Espirito Santo e ao sul da Bahia, mas nunca passara uma noite. As duas cidades da região norte que conhecia antes do projeto, mas qua ainda não apresentei nesta jornada, são Campos dos Goytacazes e Macaé. Soma-se a estas, Carapebus, Cambuci e São João da Barra, que são as cidades que ainda não apresentei suas sessões, apesar de encerrada a primeira etapa do projeto, que compreendia as duas regiões mencionadas. Inicio agora a segunda etapa, que abrange a região serrana. Apesar de ter planejado encerrar a primeira etapa sem pendências, no decorrer do projeto, percebi que estas cidades, que ficaram para depois do primeiro prazo estipulado, me apresentaram a possibilidade de retornar a estas regiões, futuramente, antes do término de toda jornada. O retorno é fundamental. Portanto, sigo pela região serrana, começando na extremidade fronteiriça com as regiões noroeste e norte do estado, naturalmente (para mim, ao menos - já que estou só, simplesmente: naturalmente). Digo, penso, só, mas acompanhado de Guanabara, cantante peixe betta, azul marinho, que navega comigo pelas águas deste estado de cultura. Guardo um punhado de terra de cada cidade, porém, é com Guanabara que bebo da água fluminense. ------------------------------------------------------ AVANTE
< 25 de maio >

VARRE-SAI  [região noroeste]





Varre-Sai, em 1947, tornou-se distrito de Natividade, quando esta cidade obteve sua autonomia. Em 1991, foi emancipado como município de Varre-Sai.





Seu nome advém de recomendação da sitiante dona Carlota, com relação a um rancho que mandara construir onde hoje se eleva a cidade. Aos tropeiros que dele se utilizavam, a senhora pedia que, ao saírem, varressem o local, ocasionando a denominação popular de Rancho Varre-Sai, posteriormente, Varre-Sai.





Varre-Sai caracterizou-se por uma população formada, em sua maioria, por descendentes de imigrantes italianos, que trouxeram consigo um grande apego à fé católica, o que explica o número de igrejas e a realização de festas religiosas e procissões muito concorridas.





A cidade possui uma fábrica de cachaça, fermentada no fubá de milho, que tem parte de sua produção exportada para a Europa e para o Japão. Produz também um excelente vinho de jabuticaba, tendo, inclusive, uma comemoração anual, a Festa do Vinho.





O casario antigo de Varre-Sai guarda ainda traços do período colonial e revela a influência oriunda da arquitetura civil mineira. Um bom exemplo é o casarão do Felicíssimo Faria Salgado com beiral em cimalha, estrutura de taipa de sebe (pau-a-pique), baldrames e sapatas vigorosas de pedra, seteiras e janelas de guilhotina, o telhado com três águas e muitos outros elementos tratados à semelhança do colonial mineiro. Felicíssimo foi o primeiro fazendeiro da região e doador de terras à cidade de Varre-Sai.



Prefeitura de Varre-Sai, antiga Casa da Dilina


Casa da Dilina é o prédio que abriga os escritórios da prefeitura municipal. Construído em 1894, pertencente a Tolentino Rodrigues França, foi adquirido por Antônio Giovanini, em 1900 (data marcada na fachada da casa, abaixo do telhado). Permaneceu como propriedade desta família até ser comprada pelo município para ser a sede da prefeitura. O nome pelo qual a casa é conhecida refere-se à filha de Antônio Giovanini.



Igreja de Santa Filomena


A pequena Igreja de Santa Filomena foi construída por volta das últimas décadas do século XIX. A imagem de Santa Filomena foi trazida pela família Pires da Mota, da ilha de Funchal, em Portugal, que doou à igreja no ano de 1998.



Igreja Matriz de São Sebastião


A Igreja Matriz de São Sebastião, situada no alto de uma colina, foi construída em 1920. No mesmo local havia uma capela de madeira erguida entre 1860 e 1870. Possui uma imagem de São Sebastião, vinda da Itália por volta de 1935, e um baldaquino com quatro colunas arrematadas por capitéis. O retábulo do altar-mor possui três nichos, sendo o central dedicado ao abrigo da imagem de São Sebastião. Em 1987, sofreu uma reforma, quando foi retirada a mureta revestida em mármore bege que dividia o altar-mor da nave.



Sede da Lira Santa Cecília e Câmara Municipal de Varre-Sai


A Lira Santa Cecília foi fundada em 1917, por Guiseppe Tupini, sendo composta por oito músicos, cujo instrumental custou 170 mil réis. Sua primeira apresentação ocorreu em 22 de novembro de 1917 (dia de Santa Cecília, padroeira da música), na fazenda do castelo Espírito Santo, sob a regência de Carolino Haussmann, na vida de Varre-Sai. No final da década de 1960, todos os festejos dedicados à Lira Santa Cecília foram transferidos para o mês de abril, em virtude das incessantes chuvas que caem na região, nos meses de novembro e dezembro. A partir de janeiro de 1954, a Lira Santa Cecília constitui-se em uma organização registrada, sendo escolhido por aclamação Guiseppe Tupini, fundador da corporação musical, para presidente de honra.



Sede da Lira Santa Cecília


sessão CINCO   |   Varre-Sai   |   25 de maio


Realizar a apresentação na sede da Lira Santa Cecília foi um conforto só. Muito aconchegante o lugar, assim como a cidade em si. Minha estada em Varre-Sai foi muito agradável. A sessão foi ótima, com excelente participação do público. Estavam presentes os secretários de educação e de turismo, que contribuíram muito com minha pesquisa, ao responderem algumas dúvidas que tinha sobre a história do município. Porém, o detalhe mais emocionante para mim foi saber que o célebre músico Baden Powell nasceu na cidade. Esse detalhe foi a cereja do bolo!